Mike O'Sullivan | Los Angeles - Voice of America
Foto: Universidade do Sul da Califórnia
Captura de tela da International Mission Photography Archiveadministrado pelo Centro de Religião e Cultura Cívica e da Biblioteca Digital da Universidade do Sul da Califórnia
Um projeto ambicioso na Internet está trazendo à tona imagens esquecidas da África, Ásia e outras partes do mundo durante o período em que os missionários estavam ativos. O International Mission Photography Archive contém mais de 60.000 fotografias históricas que mostram a interação cultural - através dos missionários - com o Ocidente. Em alguns casos, as imagens fornecem insights surpreendentes.
Sociologist Jon Miller coordinates the project and says that in many communities, missionaries took more pictures than anyone else.
"They were the ones who were permanently anchored in communities rather than just in administrative centers," he said. "They were the ones who were itinerating around and so they had much better contact. They were only rivaled by the merchants, who moved around as much as they did, but were not nearly as interested in documenting and covering their movements. "
The online archive contains photographs taken by missionaries from the 1860s until World War II.
Twelve major archives in the United States and Europe are sharing their pictures for the project. The Internet archive is administered by the Center for Religion and Civic Culture and the Digital Library at the University of Southern California.
Miller says the photographs vary in subject matter and quality. He says some are visually stunning and others, while technically crude, reveal surprises about life in Africa, Asia and other parts of the world where missionaries were active.
'Multiracial reality'
He says a mission outpost of the Moravian Brethren in Genadendal in modern South Africa is a case in point. The mission was established in 1737 and, over the years, became racially diverse.
"I think that by looking at those photographs, you can see that there was a multiracial reality, a reality of racial equality and interaction on an egalitarian basis, that was institutionalized," said Miller. "It was anchored in that part of South Africa from 1900 until 1950. And it’s really poignant to look at those pictures, and then think ahead to what followed in the 1950s and 1960s, where there was a conscious government attempt to simply crush all expressions of that."
He says another fascinating collection comes from a missionary who documented traditional life in West Africa. "There’s a woman named Anna Wuhrmann who was active in Cameroon who set about documenting court life in the traditional kingdoms of that region of Africa, and the photographs that she produced are just exquisite," said Miller.
He says missionaries often left home filled with stereotypes about people they considered "heathen." But he said missionaries were often impressed by those they met in the field.
"There was one missionary in particular, one of my favorite characters, who wrote back to his superiors in Europe about imposing European culture on West Africa, and he said, now think about it," said Miller. "How many of you people in Europe are really happy about the condition of European culture at this point? Are you sure you want to export that?"
The missionary wrote that traditional Africans had a stronger sense of family than Germans did.
Miller says thousands of photographs still need to be digitized, catalogued and posted to the online archive. He says millions of other mission photographs may be still stored in church offices or people's attics. That was the case with Margaret Hollister, whose father and grandfather were Presbyterian missionaries in China and lived through turbulent times there.
Her grandfather, Watson Hayes, was a noted figure in the transition from late imperial China to the early republic. She says he established a seminary in Shandong province and was active in the movement to reform education.
"He became known as a scholar very early because he believed that the Chinese should not have to learn English to be taught in the mission schools," said Hollister.
Hollister's father, John Hayes, was also a Presbyterian minister and remained in China through the early 1950s, when the Communist government accused and convicted him of being an American spy.
But from 1917 onwards, Hayes took pictures throughout China, and Hollister still has several hundred, including one dramatic image of child workers.
"It’s of boys working in a coal mine," he said. "They would send the young boys in, nine or ten years old, because they could fit into the small tunnels, and it shows these kids coming out of the mine with the piles of coal on their shoulders."
Hollister is looking for an archive for the family photos.
Jon Miller says the rich resources of the International Mission Photography Archive can be viewed by anyone online. He says they offer an intimate glimpse of the colonial era and give scholars additional tools to understand the formative periods of many modern nations.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Assembleia gaúcha aprova lei proibindo estrangeirismo na escrita
Texto escrito por Graciliano Rocha, no UOL.
Os deputados do Rio Grande do Sul aprovaram uma lei para banir o bullying, o spam, o pizzaiolo e qualquer outro vocábulo estrangeiro sem estar acompanhado tradução nas propagandas e documentos oficiais do Estado.
Aprovada por 26 votos a 24, a lei foi proposta pelo deputado Raul Carrion (PC do B) e institui a obrigatoriedade da do uso de expressões em português no lugar das estrangeiras “em todo documento, material informativo, propaganda, publicidade ou meio de comunicação através da palavra escrita” no Estado.
Ainda caberá ao governador Tarso Genro (PT) sancionar ou vetar a lei.
O principal alvo da regulamentação são estrangeirismos que poderiam ser facilmente substituídos por palavras em português, como os anúncios que trazem o termo “sale” no lugar de “liquidação”, mas a lei vai além.
Quando não houver uma expressão equivalente em português, diz o texto aprovado, uma tradução deverá acompanhar com o mesmo tamanho e destaque o intruso linguístico.
Fosse aplicado tal qual o texto aprovado, o princípio obrigaria uma propaganda de restaurante japonês, por exemplo, a explicar que sashimi são fatias de peixe cru.
A reportagem não conseguiu falar com o deputado. No texto de justificativa do projeto, ele acusa a existência de uma “acelerada descaracterização da língua portuguesa, tal a invasão indiscriminada e desnecessária”.
Além de ser considerada inócua por linguistas, para quem idiomas são sistemas “vivos” em constante transformação, a iniciativa enfureceu o mercado publicitário gaúcho, potencialmente o maior prejudicado pela lei.
“É uma coisa insana querer engessar a língua. Mas, como não prevê punição, é mais uma lei que não vai pegar”, diz Alfredo Fedrizzi, dono de uma agência de publicidade em Porto Alegre.
terça-feira, 26 de abril de 2011
Blog da Biblioteca
O blog da biblioteca está quase completando um ano de existência e já teve mais de 3000 acessos!!!!!
Que continue sempre assim!
Que continue sempre assim!
Você sabe qual é a maior biblioteca do mundo?
Cristina Danuta
Este título já foi ostentado pela biblioteca de Alexandria, que já foi considerada a maior biblioteca do mundo antigo. Devido a vários incêndios ocorridos em épocas distintas, grande parte dos livros e manuscritos raros se perdeu.
Hoje, a biblioteca do Congresso, em Washington, DC, nos Estados Unidos é considerada a maior biblioteca do mundo em espaço de armazenagem e livros. Ela possui mais de 144 milhões de itens, o que inclui material em mais de 470 idiomas, livros impressos, manuscritos, material em áudio, mapas e gravuras, dentre outros. Ela possui a maior coleção de livros raros da América do Norte além de constar em seu acervo uma das cópias restantes da Bíblia de Gutenberg.
A biblioteca do Congresso foi inaugurada em 24 de abril de 1800 pelo então presidente John Adams em razão da transferência da capital americana da Filadélfia para Washington.
A biblioteca foi incendiada duas vezes. A primeira em 1814 devido às invasões de tropas britânicas e a segunda em 1851. Neste segundo incêndio, além da enorme perda de 35 mil livros, o fogo destruiu dentre outros objetos um retrato original de Cristóvão Colombo.
A biblioteca é aberta ao público em geral para pesquisa acadêmica, mas turistas também podem visitá-la.
Curiosidade: para você que além de livros também gosta de cinema, a biblioteca do congresso aparece nos filmes “O dia depois de amanhã” e “A lenda do tesouro perdido – livro dos segredos”.
Conheça o site oficial da biblioteca do congresso aqui.
Fonte: Livros só mudam pessoas
História: periódicos de acesso livre
- 19 : Interdisciplinary Studies in the Long Nineteenth Century
- 49th Parallel : an Interdisciplinary Journal of North America
- Aestimatio : Critical Reviews in the History of Science
- African Journal of Criminology and Justice Studies
- African Journal on Conflict Resolution
- African Studies Quarterly: the Online Journal for African Studies
- American Diplomacy
- American Studies Journal
- AmeriQuests
- Anistoriton Journal
- Annals of Genealogical Research
- Asian Culture and History
- Asia-Pacific Journal : Japan Focus
- Aspeers : Emerging Voices in American Studies
- Barroco
- Bryn Mawr Classical Review
- Catalan Historical Review
- Crimes and Misdemeanours : Deviance and the Law in Historical Perspective
- Cris : Casopis Povijesnog Društvo Križevci
- Cromohs (Firenze)
- Delaware Review of Latin American Studies
- Digital Medievalist
- Dubrovnik Annals
- E-Journal of Portuguese History
- E-Keltoi : Journal of Interdisciplinary Celtic Studies
- Electronic Journal of Africana Bibliography
- EMAJ : Electronic Melbourne Art Journal
- E-Preservation Science
- Eras
- Forum for Inter-American Research (FIAR)
- GEFAME
- Globality Studies Journal : Global History, Society, Civilization
- Historia Actual Online
- Historical Review
- International Journal of Naval History
- Irish Migration Studies in Latin America
- Janus Head
- Japanese Journal of American Studies
- Journal for Late Antique Religion and Culture
- Journal of African American Males in Education
- Journal of Bhutan Studies
- Journal of Dagaare Studies
- Journal of Historians of Netherlandish Art
- Journal of Historical Biography
- Journal of the Association for History and Computing
- Journal of the Association for the Study of Australian Literature
- Journal of the International Association of Tibetan Studies
- Journal on Ethnopolitics and Minority Issues in Europe
- Kronos (Bellville)
- Leeds International Classical Studies
- Mamlūk Studies Review
- Medical History
- Medieval Review
- Mirator
- Nordic Journal of African Studies
- Nordic Notes
- Peregrinations
- Public History Review
- Quest : Issues in Contemporary Jewish History.
- Reviews in History
- Revista Româna de Studii Baltice si Nordice
- RIHA Journal
- Southern Spaces
- Spontaneous Generations : Journal for the History and Philosophy of Science
- Studies on Asia
- Sydney Journal
- Tabularia : Sources Écrites de la Normandie Médiévale
- Talia Dixit : Revista Interdisciplinar de Retórica e Historiografía
- The Heroic Age : a Journal of Early Medieval Northwestern Europe
- Transit
- Translocations : Irish Migration, Race and Social Transformation Review
- Trypillian Civilization Journal
- Vestnik : The Journal of Russian and Asian Studies
- World History Connected : The e-Journal of Teaching and Learning
Fonte: OAJSE
Imagem: Internet
terça-feira, 19 de abril de 2011
Conheça aplicativos gratuitos que podem ajudar nas pesquisas
O BibMe permite que os estudantes citem fontes e criem bibliografias em um minuto
Schoolr - Esse mecanismo de busca é rápido e voltado para os estudos, pois capta em seus resultados documentos acadêmicos sobre o assunto desejado.
Diigo - A ferramenta é excelente para fazer pesquisas. Ele permite que você destaque as coisas mais importantes de cada página e faça anotações nela. O melhor é que qualquer pessoa pode ter acesso ao que você escreveu.
Ajax-Spell - Esse corretor ortográfico faz com que os estudantes possam corrigir eventuais erros de escrita.
WordWeb - Desenhado para usuários do Windows, esse dicionário online também pode ser usado para buscar outras informações na rede. Com ele instalado a partir do momento que o mouse passa em alguma palavra ele dá informações como pronúncia e sinônimos.
BibMe - Esse sistema permite que os estudantes citem fontes e criem bibliografias em um minuto. Ele monta de acordo com o modelo selecionado.
com informações do Universia
Direito On-line
Acompanhamento processual
Prefeitura de São Paulo
Supremo Tribunal de Justiça – STJ
Supremo Tribunal Federal – STF
Tribunal de Alçada Criminal – TacrimSP
Tribunal de Contas do Estado de São Paulo
Tribunal Superior do Trabalho – TST
Tribunal Superior Eleitoral – TSE
Bibliotecas
Biblioteca Digital do Senado Federal
Biblioteca Digital do Superior Tribunal de Justiça – BDJur
Biblioteca Virtual da Procuradoria do Estado de São Paulo
Biblioteca Virtual de Direitos Humanos
Rede Virtual de Bibliotecas – RVBI
Diários oficiais
Diário da Justiça – DJ – 3 Seções
Diário Oficial da União – DOU 3 Seções
Diário Oficial do Estado de São Paulo – DOE Executivo, Legislativo, Empresarial
Diário Oficial do Município de São Paulo – DOM
Doutrinas
DireitoNet
Jus Navigandi
Jus Vigilantibus
Jurisprudências
DireitoNet
Supremo Tribunal Federal – STF - Unificada
Tribunal Superior do Trabalho – TST – Unificada
Legislações
DireitoNet
Find Law: Legislação Americana
Ordem dos Advogados do Brasil – OAB
Presidência da República
Senado Federal
Modelos
JuriSite – Contratos
JuriSite – Petições
Jus Navigandi – Peças
Sites jurídicos
Buscalegis
Guia de Direito
Justia
Portal da Justiça Federal
Súmulas
Advocacia Geral da União
Central Jurídica
Supremo Tribunal Federal
Superior Tribunal de Justiça
Tribunais
Ordem dos Advogados do Brasil – OAB
Embrapa lança site de ciência com conteúdo exclusivo para crianças
Portal reúne algumas das principais tecnologias de cada centro de pesquisa da empresa
Crianças de todo o país contam com um novo recurso para aprender mais sobre o universo da pesquisa. Trata-se do site infanto-juvenil Contando Ciência na Web, lançado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Desenvolvido pelo braço de Informação Tecnológica da instituição, com sede em Brasília, o site reúne algumas das principais tecnologias de cada centro de pesquisa da Embrapa. Esses centros são apresentados em formatos variados, como jogos e livros virtuais, com linguagem adaptada ao público infantil.
Para desenvolver o site, equipes multidisciplinares de profissionais estiveram envolvidas no projeto durante cerca de dois anos. Para isso, o órgão disse que foram testadas as formas mais adequadas de organização das informações para melhor entendimento pelo público-alvo desejado.
Além das crianças, os testes contaram com o acompanhamento de uma comissão de especialistas e de pesquisadores do Ministério da Ciência e Tecnologia, da Universidade de Brasília (UnB) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
A principal característica do site é a interatividade. Cada item do menu é gerido por uma unidade da Embrapa. Nas sessões “Você sabia?”, “Conheça a Embrapa”, “Brinque com Ciência”, “Biblioteca” e o “Glossário” é possível aprender um pouco mais sobre o universo científico e o mundo da pesquisa. Já no “Bloguinho”, as crianças podem trocar ideias com pesquisadores sobre diversos temas.
Contando Ciência na Web: www.embrapa.br/contandociencia
Fonte: Canal Rural
Planejamento de trabalhos acadêmicos
Por Daniela Cartoni - Administradores
Imagem: Internet
A pesquisa cientifica objetiva fundamentalmente contribuir para a evolução do conhecimento humano em todos os setores, sendo sistematicamente planejada e executada segundo rigorosos critérios de processamento das informações. Em seus processos e objetivos distinguem-se da consulta bibliográfica, que se apresenta como tarefa mais simples, voltada para o esclarecimento de dúvidas a partir de verbetes de dicionários, enciclopédias ou manuais.
A consulta bibliográfica caracteriza-se com a anotação dos dados consultados, tendo-se uma cópia textual ou livre, mas nunca uma pesquisa científica ou acadêmica. Esta é uma atividade voltada para a solução de problemas, pretendendo responder a perguntas por meio de investigação planejada, desenvolvida e redigida conforme normas metodológicas consagradas pela ciência.
Pesquisar não é tarefa fácil, mas trabalhosa, paciente e demorada. Ao se pretender fazer uma pesquisa, de qualquer natureza, deve-se desde o início, juntamente com a escolha do assunto, fazer um projeto. O projeto garante a execução da pesquisa. Prevê os recursos materiais e o tempo necessário. Sem previsão, a pesquisa corre o risco de não ser concluída ou ser feita de forma inadequada. A investigação científica é desenvolvida através de diversas etapas ou tarefas específicas, chamadas também de fases da pesquisa.
Fases de pesquisa (Medeiros, 2001)
1 - Estabelecimento do problema e redação do projeto de pesquisa
- Escolha do assunto
- Formulação do problema
- Revisão bibliográfica sobre o problema a ser resolvido
2 - Organização da pesquisa
- Descrição do objeto de pesquisa
- Formulação de hipóteses
- Descrição dos métodos empregados
- Construção dos instrumentos para coleta de dados
- Planificação da coleta de dados
3 - Execução da pesquisa de campo
- Estabelecimento de um plano de trabalho
- Coleta dos dados
- Análise dos resultados
4 - Redação
- Esquematização dos capítulos
- Redação preliminar
- Revisão gramatical e de conteúdo
- Redação final
- Referências Bibliográficas
O resultado obtido da pesquisa será tão melhor explicitado quanto melhor estiver estruturado o texto científico e a escolha dos recursos técnicos utilizados. Vejamos:
a) Seleção do tema e elaboração do projeto de pesquisa
A estruturação do trabalho científico reflete o domínio no conhecimento do tema, na escolha e no uso do método, no alcance da precisão necessária.
Um dos segredos para processar a informação disponível é limitar seu escopo, escolhendo cuidadosamente quais merecem a dedicação de tempo e atenção. Um dos mitos é que quanto mais opções existirem, mais adequadas serão as ações, maior e rico o resultado na pesquisa. No entanto, este volume pode gerar ansiedade por interpretar tudo o que há sobre o tema para incluir no trabalho.
Para afastar desgastes, avaliar a qualidade das informações e, reduzindo as opções, também será evitada tamanha apreensão. O objeto de pesquisa deve se muito bem definido e alguns critérios devem ser levados em consideração:
• indagação minuciosa sobre o assunto;
• capacidade de selecionar material bibliográfico e documental para testar a viabilidade do tema;
• transcrição correta das informações e anotações;
• desenvolvimento ordenado e lógico dos fatos e resultados alcançados;
• desenvolvimento do processo de pesquisa em harmonia com os objetivos propostos no projeto de pesquisa.
b) Busca de fontes e seleção de material
Após a escolha do assunto – que leva em consideração o gosto pessoal, relevância do tema e pertinência científica – o pesquisador deve verificar a existência de material de pesquisa (bibliografia e dados primários). Não podem ser esquecidas questões como tempo de execução, prazos recomendados e recursos necessários assinalados na fase de concepção do trabalho. De acordo com Medeiros (2001), para organizar as etapas do trabalho recomenda-se um planejamento cuidadoso, estruturado a partir da formulação de problemas que podem ser descritivos ou explicativos.
Problemas descritivos
Quais são as propriedades do assunto? Quais são as características do assunto?
Problemas explicativos
Como a questão deve ser metodologicamente abordada? Como se procederá na análise dos fatos?
Como se fará a demonstração dos resultados?
No levantamento de material, a caracterização desta tarefa está intimamente associada ao tipo de pesquisa escolhida: documental ou bibliográfica.
A pesquisa documental compreende o levantamento de documentos que ainda não foram utilizados como base de pesquisa, podendo ser encontrados em: arquivos públicos ou banco de dados públicos on-line, empresas particulares, arquivos de entidades educacionais ou institutos científicos, cartórios, museus, correspondências, autobiografias, etc. Esta modalidade inclui a observação direta intensiva, cuja modalidade mais utilizada é a entrevista e a observação direta extensiva, baseada no uso de testes, questionários, formulários, etc.
Já a pesquisa bibliográfica exige o levantamento de publicações (livros, teses, monografias, artigos, periódicos, etc.). Requer 4 fases: identificação, localização, compilação e fichamento.
Outra distinção importante relaciona-se com a origem dos dados para a pesquisa, ou seja, investigação a partir de fontes primárias (coletadas em "primeira mão", como pesquisa de campo, entrevistas, laboratório, etc.), secundárias (coletadas em relatórios, livros, revistas, jornais, fontes eletrônicas, etc.) ou terciárias (citadas por outra pessoa).
Atualmente, é inegável a importância da internet como fonte de pesquisa. Considerando o crescimento do volume de informações disponibilizadas na rede e a diversidade de origens e intenções de sua publicação, alguns "filtros" podem ser utilizados para otimizar os recursos de busca.
Um deles é selecionando a "entrada", que pode ser utilizada de duas maneiras principais para consulta de material acadêmico:
- por assuntos/categorias: a busca é feita por tópicos que estão indexados por categorias e subcategorias de assuntos;
- por assuntos específicos: a busca é feita utilizando as ferramentas de busca. Nesta forma de busca você deve informar a palavra-chave ou a frase que caracteriza o que quer pesquisar.
Para facilitar a seleção dos recursos encontrados e descartar conteúdo pela falta de atualização ou de credibilidade, além da experiência do pesquisador, há caminhos que se ampliam ou se estreitam de acordo com o domínio do browser. Recomenda-se o uso dos chamados "operadores booleanos":
OR = União Busca registros onde exista qualquer um dos termos indicados
AND = Intersecção Busca registros onde ocorram simultaneamente os termos indicados
AND NOT = Exclusão Busca registros onde ocorra o primeiro termo exceto o segundo
Aspas " " = Frase Busca registros que contenham a frase
Por exemplo, as aspas são utilizadas para que a ferramenta de busca considere as palavras como sendo uma frase. Por exemplo, ao colocar duas palavras entre as aspas, "administração em finanças", a busca ficará limitada a documentos que contenham exatamente essa frase.
Atenção: como avaliar a informação disponibilizada na internet Sendo a internet uma fonte inesgotável de recursos, adotam-se alguns critérios de seletividade como, por exemplo, verificar as credenciais do autor, como está escrito o documento (linguagem, correção ortográfica e gramatical) e a atualidade do site.
Outro cuidado que você deve tomar é com os direitos autorais. Referenciar os documentos usados e indicar como fontes de consulta é fator ético primordial. A ABNT publicou normas para referenciar documentos digitais, a serem discutidos no próximo texto.
c) Análise dos dados, leituras, e fichamentos
Para analisar os dados, deve-se considerar a natureza da pesquisa, ou seja, se será quantitativa ou qualitativa.
No caso de pesquisas quantitativas, a principal razão de sua realização é descobrir quantas pessoas de uma determinada população compartilham uma característica ou um grupo de características. A análise de dados quantitativos e dos cruzamentos entre as diversas informações coletadas vão produzir análises qualitativa, ou seja, permitirão ao pesquisador tirar conclusões que não poderiam ser tiradas sem o levantamento e o cruzamento de informações quantitativas.
Utilizamos a análise univariada para estudarmos a distribuição de apenas uma variável, utilizamos a análise bivariada quando trabalhamos com duas variáveis e a análise multivariada para os casos de mais de duas variáveis, avaliando a preponderância de uma delas como fator explicativo.
Em relação às pesquisas qualitativas, as técnicas de entrevista com roteiro não estruturado exigem a transcrição das informações e a autorização dos participantes para divulgação dos dados.
Para trabalhar com informações secundárias, essencialmente livros e artigos científicos, sugere-se a utilização de técnicas de leitura para otimização do tempo e melhor qualidade dos registros, bem como a sistematização por meio de fichamento ou resumos.
Considerações finais
A elaboração de um trabalho acadêmico requer disciplina, muita vontade de ser produtivo e a busca de qualidade de vida. Realizar pesquisa acadêmica deve ser uma atividade prazerosa dentre nossos objetivos pessoais e profissionais, incorporadas ao nosso planejamento de tempo e, de forma mais abrangente, ao nosso projeto de vida.
Referências
CARRAHER, David. Senso Crítico. São Paulo: Pioneira, 1999.
CERVO, A. L. e BERVIAN, P. Metodologia cientifica. 4ª ed. São Paulo: Makron Books, 2007.
DEMO, P. Metodologia científica em ciências sociais. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1991.
______. Pesquisa Princípio Científico e Educativo. São Paulo: Cortez, 1990.
DIEHL, A. A.; TATIM, D. C. Pesquisa em ciências sociais aplicadas. Métodos e técnicas. SãoPaulo: Pearson-Prentice Hall, 2004.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. Tradução Gilson Cezar de Souza. 19ª Edição, São Paulo: Perspectiva, 2006.
GIL, A.C. Como elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1999.
______. Métodos e técnicas da pesquisa social. São Paulo: 1987.
LAKATOS, E.M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 3.ed. São Paulo:
Atlas, 2001.
MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2000.
SEVERINO, A. J. Metodologia Do Trabalho Científico. 22.Ed.. São Paulo: Cortez, 2006.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Instituto dos EUA cria “atlas” online do cérebro humano
Agora é possível navegar pelo cérebro humano.
Postado por Daniel Pavani- Geek
O Instituto Allen de Ciência do Cérebro, dos Estados Unidos, criou um banco de dados online de imagens de cérebros humanos, em uma espécie de atlas para que as pessoas saibam mais sobre o cérebro e cientistas possuam uma boa fonte de pesquisa.
O projeto é uma criação do co-fundador da Microsoft, Paul Allen e custou cerca de U$ 55 milhões (cerca de R$ 87 milhões), conta o siteFareastgizmos. Nele, foram identificados mais de mil localizações anatômicas do cérebro humano, em mais de 100 milhões de dados, que ligam os pontos a expressões genéticas específicas e características bioquímicas.
Os dados foram coletados de dois cérebros de pessoas adultas, doados para pesquisa. Os pesquisadores encontraram uma similaridade de 94% entre os órgãos e descobriram que pelo menos 82% dos genes humanos estão expressados no cérebro.
Para quem tem curiosidade de verificar como funciona o atlas online do cérebro, a página é human.brain-map.org. Até o final de 2012, as informações de pelo menos mais 8 cérebros devem ser adicionadas ao atlas.
Postado por Daniel Pavani- Geek
O Instituto Allen de Ciência do Cérebro, dos Estados Unidos, criou um banco de dados online de imagens de cérebros humanos, em uma espécie de atlas para que as pessoas saibam mais sobre o cérebro e cientistas possuam uma boa fonte de pesquisa.
O projeto é uma criação do co-fundador da Microsoft, Paul Allen e custou cerca de U$ 55 milhões (cerca de R$ 87 milhões), conta o siteFareastgizmos. Nele, foram identificados mais de mil localizações anatômicas do cérebro humano, em mais de 100 milhões de dados, que ligam os pontos a expressões genéticas específicas e características bioquímicas.
Os dados foram coletados de dois cérebros de pessoas adultas, doados para pesquisa. Os pesquisadores encontraram uma similaridade de 94% entre os órgãos e descobriram que pelo menos 82% dos genes humanos estão expressados no cérebro.
Para quem tem curiosidade de verificar como funciona o atlas online do cérebro, a página é human.brain-map.org. Até o final de 2012, as informações de pelo menos mais 8 cérebros devem ser adicionadas ao atlas.
terça-feira, 12 de abril de 2011
ProLEI - Programa de Legislação Educacional Integrada
O ProLEI reúne normas referentes à legislação federal em educação. As normas selecionadas pelo Inep são de interesse geral dos profissionais de educação e instituições de ensino. A principal fonte utilizada para a seleção das normas é o Diário Oficial da União (DOU).
http://www.prolei.inep.gov.br/
Agência da ONU opõe-se a projeto do Google de digitalizar livros
Sílvio Guedes Crespo - O Estado de S. Paulo
A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), uma agência da ONU, considera que o Google não tem direito de digitalizar livros em larga escala por meio apenas de um acordo com duas associações, uma de escritores e outra de editores, informa o advogado Rodrigo Salinas* , colaborador do Radar Econômico.
A empresa ofereceu mais de US$ 100 milhões às associações para ter o direito de digitalizar livros, mas o juiz Denny Chin, o mesmo que condenou Bernard Madoff a 150 anos de prisão, vetou o negócio em março.
Agora, a OMPI anuncia a sua posição, por meio do diretor-geral da entidade, Francis Gurry, em uma palestra na Columbia Law School, em Nova York. O evento ocorreu no dia 6 de abril, mas as declarações do palestrante foram pouco divulgadas fora do âmbito acadêmico.
Abaixo, o comentário de Salinas, que assistiu à palestra.
“Francis Gurry observou de forma bastante enfática a importância da livre circulação e do acesso à informação propiciados pela internet, mas também salientou que esses benefícios precisam ser equilibrados com a garantia aos criadores de uma remuneração condizente, sob pena de sacrificarmos a continuidade da produção de conteúdo informativo e cultural.
A fala do diretor-geral da OMPI é sintomática de que novas soluções legislativas, e não apenas a disputa judicial, são urgentes e necessárias para resolver os diversos problemas jurídicos suscitados pela difusão de conteúdo na rede.
Gurry ressaltou a importância para o crescimento da economia digital que resultaria da solução dos entraves que leis ambíguas e inadequadas propiciam para a distribuição de conteúdo na internet. Segundo ele, o caráter global da internet e da economia digital justificam que a questão seja discutida no âmbito do G-20, e preferencialmente por meio de um tratado multilateral que reflita o caráter global dos problemas e das soluções.
Espirituoso, Gurry observou que, talvez por inação do legislativo e da sociedade, a empresa Google tenha decidido desafiar o sistema de direito autoral existente por meio da digitalização em massa, e sem autorização, de livros para a formação de uma biblioteca virtual universal. Aliás, o juiz federal norte-americano que rejeitou o acordo, em decisão de 22 de março, também destacou que os seus termos, por violarem as regras de direito autoral e causarem séria ameaça à livre concorrência, seriam mais bem equacionados pelo Congresso do que pelo Judiciário.
Inevitavelmente, temas como, por exemplo, as obras órfãs (aquelas em relação às quais se desconhece o paradeiro dos autores e detentores dos direitos), abrigos jurídicos para provedores de conteúdo na internet, sistemas de remuneração por entidades de gestão coletiva, uma base de dados única para criadores e detentores de direitos, devem ser enfrentados para que se viabilize uma comercialização segura de conteúdo. Caso contrário, somente os grandes competidores terão espaço para sobreviver ao risco jurídico e competir nesse mercado.
Em relação ao Brasil, a inevitável e necessária expansão do acesso à banda larga tornará cada vez mais urgente uma política clara de direito autoral quanto à internet, a qual deve ser considerada parte da infra-estrutura jurídica necessária a esse desenvolvimento.”
* Rodrigo Kopke Salinas, advogado, é sócio do escritório Cesnik Quintino e Salinas Advogados e professor conferencista da ECA/USP. Atualmente é aluno do programa Master of Laws da Columbia Law School.
A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), uma agência da ONU, considera que o Google não tem direito de digitalizar livros em larga escala por meio apenas de um acordo com duas associações, uma de escritores e outra de editores, informa o advogado Rodrigo Salinas* , colaborador do Radar Econômico.
A empresa ofereceu mais de US$ 100 milhões às associações para ter o direito de digitalizar livros, mas o juiz Denny Chin, o mesmo que condenou Bernard Madoff a 150 anos de prisão, vetou o negócio em março.
Agora, a OMPI anuncia a sua posição, por meio do diretor-geral da entidade, Francis Gurry, em uma palestra na Columbia Law School, em Nova York. O evento ocorreu no dia 6 de abril, mas as declarações do palestrante foram pouco divulgadas fora do âmbito acadêmico.
Abaixo, o comentário de Salinas, que assistiu à palestra.
“Francis Gurry observou de forma bastante enfática a importância da livre circulação e do acesso à informação propiciados pela internet, mas também salientou que esses benefícios precisam ser equilibrados com a garantia aos criadores de uma remuneração condizente, sob pena de sacrificarmos a continuidade da produção de conteúdo informativo e cultural.
A fala do diretor-geral da OMPI é sintomática de que novas soluções legislativas, e não apenas a disputa judicial, são urgentes e necessárias para resolver os diversos problemas jurídicos suscitados pela difusão de conteúdo na rede.
Gurry ressaltou a importância para o crescimento da economia digital que resultaria da solução dos entraves que leis ambíguas e inadequadas propiciam para a distribuição de conteúdo na internet. Segundo ele, o caráter global da internet e da economia digital justificam que a questão seja discutida no âmbito do G-20, e preferencialmente por meio de um tratado multilateral que reflita o caráter global dos problemas e das soluções.
Espirituoso, Gurry observou que, talvez por inação do legislativo e da sociedade, a empresa Google tenha decidido desafiar o sistema de direito autoral existente por meio da digitalização em massa, e sem autorização, de livros para a formação de uma biblioteca virtual universal. Aliás, o juiz federal norte-americano que rejeitou o acordo, em decisão de 22 de março, também destacou que os seus termos, por violarem as regras de direito autoral e causarem séria ameaça à livre concorrência, seriam mais bem equacionados pelo Congresso do que pelo Judiciário.
Inevitavelmente, temas como, por exemplo, as obras órfãs (aquelas em relação às quais se desconhece o paradeiro dos autores e detentores dos direitos), abrigos jurídicos para provedores de conteúdo na internet, sistemas de remuneração por entidades de gestão coletiva, uma base de dados única para criadores e detentores de direitos, devem ser enfrentados para que se viabilize uma comercialização segura de conteúdo. Caso contrário, somente os grandes competidores terão espaço para sobreviver ao risco jurídico e competir nesse mercado.
Em relação ao Brasil, a inevitável e necessária expansão do acesso à banda larga tornará cada vez mais urgente uma política clara de direito autoral quanto à internet, a qual deve ser considerada parte da infra-estrutura jurídica necessária a esse desenvolvimento.”
* Rodrigo Kopke Salinas, advogado, é sócio do escritório Cesnik Quintino e Salinas Advogados e professor conferencista da ECA/USP. Atualmente é aluno do programa Master of Laws da Columbia Law School.
segunda-feira, 11 de abril de 2011
Potencial na digitalização de coleções antigas de periódicos
Por Germana Barata - ComCiência
“(…) a luz não é similar, ou homogênea, mas consiste em raios disfórmicos, alguns dos quais são mais refratários do que outros”, descreve Isaac Newton em seu artigo em que relata, cheio de adjetivos, o belo experimento e observações que comprovaram sua teoria sobre as cores e a luz para membros da sociedade científica inglesa. Publicado em 1671 no periódico Philosophical Transactions of the Royal Society (n.80, 1671-72), deveria ser um privilégio, para os amantes das ciências e da física, ler o paper desse cientista grandioso que revolucionou a física de seu tempo. Afinal, acessar os arquivos centenários da prestigiosa Royal Society de Londres não é para qualquer um. Ledo engano. Em se tratando do Philosophical Transactions, considerado o protótipo dos periódicos científicos contemporâneos (6 de março de 1665), felizmente está disponível a todos àqueles que tenham interesse. A digitalização de sua coleção completa pode ser acessada online. Dentre os autores ilustres estão Michael Faraday e Charles Darwin.
Esse é um movimento que tem se multiplicado entre os periódicos mais tradicionais e de valor histórico, sobretudo daqueles que continuam ativos. Este é o caso de dois dos mais prestigiosos periódicos científicos internacionais: o inglês Nature (de 1869) e o norte-americano (1880), ambos com presença marcada na mídia, e com coleções completas online. Uma visita nos arquivos revela contribuições clássicas do ensino das ciências, muito embora quem as ensine e aprenda, muitas vezes, não tenha corrido os olhos sobre os originais. A interessante nota “Proposes map of Brazil on the scale of one to a million”, publicado na Science, em 14 de março de 1919, traz o anúncio de novo mapeamento do Brasil, o qual veio a contribuir para a conclsão futura do delineamento completo do país. “Espera-se que um mapeamento satisfatório de metade da área total deve estar concluída em tempo para a celebração do centenário da independência do Brasil, em 1922, e a outra metade ficando para o segundo centenário da independência”. Difícil imaginarmos não apenas a dificuldade do processo de mapeamento, como uma aprovação relativamente recente.
As coleções digitais de periódicos são fundamentais para a preservação da memória científica e facilitam o trâmite daqueles que antes enfrentavam a burocracia e os obstáculos na localização de artigos de coleções em papel guardadas, espalhadas, ou mesmo deterioradas nas inúmeras bibliotecas universitárias e institucionais. Apesar dos atrativos, a versão online ainda é minoria entre os periódicos nacionais, seja pelos custos de digitalização ou pela percepção de que não são prioritárias para a pesquisa contemporânea. Atualmente, a Biblioteca Eletrônica Científica Virtual (SciELO – Scientific Electronic Library Online), reúne 224 periódiocos brasileiros dos quais apenas 24 disponibilizam sua coleção completa, muito embora apenas a metade possua edições mais antigas que a idade do próprio SciELO, inaugurado em 1997, e 8 somam mais de 50 fascículos. Dentre eles, o Memórias do Instituto Oswaldo Cruz é o mais antigo e numeroso, com 404 edições. A coleção completa, lançada no final de 2009 em comemoração ao centenário do Memórias, foi fruto de uma parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a Bireme e SciELO, assim como ocorreu com outros 14 periódicos. É possível ler gratuitamente a nota de Carlos Chagas sobre o ciclo da doença de Chagas ou a tripanossomiase americana “Nova tripanozomiaze humana: estudos sobre a morfolojia e o ciclo evolutivo do Schizotrypanum cruzi n. gen., n. sp., ajente etiolojico de nova entidade morbida do homem” (Vol.1, n.2, 1909), com a ortografia original preservada. Na edição de 1946 da Bragantia, periódico do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), é possível verificar que os autores Coaraci Franco e Hernâni Godói concluíram no artigo “Chuvas e umidade relativa do ar em Campinas de 1890 a 1945” (Vol.6, no.5) que as mudanças climáticas não estariam ocorrendo na região e que a doença de citrus Tristeza, portanto, não estaria relacionada aos fatores analisados.
Dentre os demais periódicos nacionais a situação é mais severa quanto à ausência ou falha na digitalização das coleções. Façamos uma análise apenas com alguns dos periódicos mais antigos, como é o caso dos periódicos médicos Propagador das ciências medicas (1827-1828) e o Semanário de Saúde Publica, de 1831 a 1833 – primeira publicação da Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro –, ambos descontinuados precocemente, e não digitalizados, apesar de seu pioneirismo. Os periódicos médicos científicos no Brasil surgiram, segundo o historiador Marcio Rangel, juntamente com a institucionalização da medicina no país, na segunda metade do século XIX, e funcionavam como mediadores entre os especialistas e as camadas letradas. Portanto, eles privilegiavam a divulgação de temas ligados a higiene, garantindo assim, uma audiência mais ampla. Sua leitura, consequentemente, pode trazer interessantes indícios sobre os costumes, a divulgação da medicina para a sociedade e os relatos científicos.
Outro exemplo é o Arquivos do Museu Nacional, auto denominado o “mais antigo periódico do Brasil (1876)”, que disponibiliza apenas os exemplares de 2003 a 2007 online. A publicação contou com importantes artigos sobre antropologia, a exemplo de “Descripção dos objectos de pedra de origem indígena”, do naturalista Charles Frederic Hartt, no número de estreia. O Arquivos, bem como inúmeras publicações lançadas pelos institutos de pesquisa brasileiros, faziam parte de uma tradição científica que priorizava a comunicação científica. Era uma forma de mostrar a produção científica no exterior, conquistar visibilidade e participar do debate internacional. O Observatório Nacional lançou o Annales de L'Observatoire Imperial de Rio de Janeiro, em francês, que foi descontinuado por falta de apoio do governo imperial, constando apenas exemplares entre os anos de 1882 e 1889, e que tampouco estão digitalizados.
Há exemplos de coleções nacionais digitalizadas disponíveis em site estrangeiro, apesar de não estarem localizadas nos sites institucionais aos quais pertencem. Este é o caso do Boletim do Museu Paraense, criado em 1894 pelo Museu Paraense Emílio Goeldi e incluindo a produção de 1894 a 1896. Publicado em português, apesar do interesse de visibilidade no exterior, a publicação de 2006 aos dias atuais está disponível no site do SciELO, embora a coleção completa esteja abrigada no interessante site norte-americano Internet Archives, dando a impressão de ter mais valor no exterior do que nacionalmente. Este é também caso da Revista do Museu Paulista, lançada em 1895 pelo Museu Paulista, com enfoque na divulgação da zoologia. O belo arquivo online de todos os exemplares escaneados não aparecem no site da instituição.
Exceção é a publicação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, de 1839, uma das mais antigas do país, a Revista Trimensal de Historia e Geographia ou Jornal do Instituto Historico Geographico Brasileiro, publicada até os dias atuais. A coleção completa encontra-se no site do Instituto, muito embora as buscas sejam possíveis apenas por ano e não por meio de uma ferramenta de busca que permita localizar autores, temas abordados etc, como nos arquivos em PDF, já que esses exemplares foram escaneados tal qual as versões impressas. Mas trata-se, certamente, de uma bela iniciativa.
Há ainda exemplos como a revista Ciência & Cultura, da qual sou editora, que está apenas parcialmente indexada no SciELO, a partir dos números de 2002. A comemoração dos 60 anos da publicação, em 2009, no entanto, foi uma oportunidade para o lançamento da versão impressa e digital fac-similada da primeira edição, de 1949. Nela, consta, por exemplo, nota pioneira de Maurício Rocha e Silva e Wilson Beraldo em que anunciam “Um novo princípio auto-farmacológico (Bradicinina) liberado do plasma sob a ação de venenos de cobra e da tripsina”, substância que seria posteriormente patenteada no exterior e se tornaria uma lucrativa droga de combate à hipertensão pelo Laboratório Bristol Myers-Squibb. A partir dessa experiência a revista planeja a digitalização dos 372 exemplares restantes, uma vez que existe uma demanda mensal da comunidade científica, por meio da digitalização de artigos específicos que são enviados por email.
Espaço apenas para atualidade?
Carol Tenopir e Donald King (Vol.25, n.1, 2001), com base em estudos no período da década de 1970 até 2001 realizado com cientistas, principalmente dos Estados Unidos, indicaram que os periódicos científicos são os principais veículos de obtenção de informação e são amplamente lidos. “O volume de conhecimento científico registrado em periódicos científicos dobra a cada 15 ou 17 anos”, afirmaram os autores do estudo. E essa crescente produção de informação também aparece no acesso de artigos por cientista; a média de leitura de artigos científicos aumentou de 120 por ano na década de 1990 para 130 a partir do século XXI, sendo que os cientistas premiados leem mais, na média, do que os aqueles que nunca receberam um prêmio. A maioria acompanha entre 18 e 26 periódicos por ano. O que surpreende é o fato de os cientistas “escanearem”, cada vez mais, um número maior de artigos e diminuírem, consequentemente, a leitura completa desses documentos, ou seja, cai a qualidade da leitura. Em 1990, os cientistas liam cerca de 50 artigos por ano e escaneavam em torno de outros 180, enquanto no ano 2000 a leitura completa caiu para cerca de 40 artigos e os olhos correram sobre mais de 220 artigos por ano; e em 2005, esses números teriam caído para cerca de 30 e superado 280, respectivamente, como concluiu Allen Renear e Carole Palmer (Science, Vol.325, n.828, 2009).
A competitividade acirrada para a produção científica, grandes volumes de informação e o imediatismo parecem ser os principais fatores responsáveis pela valorização de artigos e informações científicas atualizadas. Nesse cenário, os artigos pioneiros ou mais antigos viram objetos de estudo de historiadores, com interesse diminuto no fazer científico atual. Passam, assim, a ser vistos como mera curiosidade, afinal eles têm pouco espaço nas citações de artigos contemporâneos já que seus conteúdos consistem em descobertas que, muitas vezes, estão desacreditadas ou mesmo se tornaram fatos científicos, cuja autoria passa a ser omitida. No entanto, são obras que contribuem para a construção do conhecimento e para a compreensão dos processos científicos. Sua leitura, porém, raramente está presente no atribulado cotidiano dos cientistas ou futuros cientistas. Não seria irreal imaginarmos o absurdo de um biólogo em formação aprender sobre a teoria de evolução de Charles Darwin sem nunca ter lido ao menos a obra magna A origem das espécies; ou um físico criticar a física quântica sem ter admirado os breves e revolucionários artigos de Albert Einstein dos anos de ouro. Essa, no entanto, parece ser muito mais a regra do que a exceção.
Não se trata de mera valorização histórica, mas de uma oportunidade de perceber as transformações sobre o modo de fazer e escrever sobre ciência, a constante interpretação sobre a construção do conhecimento.
Há ainda um longo caminho até que os editores e agências de fomento reconheçam a importância da digitalização de coleções antigas de periódicos científicos. Mas há, certamente, um enorme potencial que elas guardam que poderia servir como um grande aliado da divulgação da ciência entre os apaixonados, os interessados e aqueles que se pretende atrair para a academia. Uma vez digitalizadas, essas coleções deverão ainda contar com ferramentas de busca para facilitar a localização de autores e temas de interesse. O próximo passo será explorar ao máximo o vasto tesouro de informações que as coleções possuem. Contar com curadores que indiquem aos usuários artigos pioneiros, curiosos, interessantes, capazes de encantar os leitores e recuperar seu valor literário e científico parece ser uma proposta tangível. Não seria demasiado esperar que em breve um estudante do ensino médio enxergue Newton não apenas como autor das leis da mecânica, mas também como um homem que, levado pela curiosidade, respondeu a perguntas que lhe intrigaram exatamente como intrigam muitos de nós.
Germana Barata é doutora em história da ciência pela USP, editora da revista Ciência & Cultura e pesquisadora do Labjor-Unicamp.
“(…) a luz não é similar, ou homogênea, mas consiste em raios disfórmicos, alguns dos quais são mais refratários do que outros”, descreve Isaac Newton em seu artigo em que relata, cheio de adjetivos, o belo experimento e observações que comprovaram sua teoria sobre as cores e a luz para membros da sociedade científica inglesa. Publicado em 1671 no periódico Philosophical Transactions of the Royal Society (n.80, 1671-72), deveria ser um privilégio, para os amantes das ciências e da física, ler o paper desse cientista grandioso que revolucionou a física de seu tempo. Afinal, acessar os arquivos centenários da prestigiosa Royal Society de Londres não é para qualquer um. Ledo engano. Em se tratando do Philosophical Transactions, considerado o protótipo dos periódicos científicos contemporâneos (6 de março de 1665), felizmente está disponível a todos àqueles que tenham interesse. A digitalização de sua coleção completa pode ser acessada online. Dentre os autores ilustres estão Michael Faraday e Charles Darwin.
Imagem de flechas indígenas envenenadas - Tábua VIII do artigo "De variis plantis veneniferis" de Dr. J.B. de Lacerda Vol.XV, 1909.Crédito: Reprodução Arquivos do Museu Nacional
Capa do primeiro exemplar do Philosophical Transactions, 1665
Crédito: Reprodução Arquivos do Museu NacionalEsse é um movimento que tem se multiplicado entre os periódicos mais tradicionais e de valor histórico, sobretudo daqueles que continuam ativos. Este é o caso de dois dos mais prestigiosos periódicos científicos internacionais: o inglês Nature (de 1869) e o norte-americano (1880), ambos com presença marcada na mídia, e com coleções completas online. Uma visita nos arquivos revela contribuições clássicas do ensino das ciências, muito embora quem as ensine e aprenda, muitas vezes, não tenha corrido os olhos sobre os originais. A interessante nota “Proposes map of Brazil on the scale of one to a million”, publicado na Science, em 14 de março de 1919, traz o anúncio de novo mapeamento do Brasil, o qual veio a contribuir para a conclsão futura do delineamento completo do país. “Espera-se que um mapeamento satisfatório de metade da área total deve estar concluída em tempo para a celebração do centenário da independência do Brasil, em 1922, e a outra metade ficando para o segundo centenário da independência”. Difícil imaginarmos não apenas a dificuldade do processo de mapeamento, como uma aprovação relativamente recente.
As coleções digitais de periódicos são fundamentais para a preservação da memória científica e facilitam o trâmite daqueles que antes enfrentavam a burocracia e os obstáculos na localização de artigos de coleções em papel guardadas, espalhadas, ou mesmo deterioradas nas inúmeras bibliotecas universitárias e institucionais. Apesar dos atrativos, a versão online ainda é minoria entre os periódicos nacionais, seja pelos custos de digitalização ou pela percepção de que não são prioritárias para a pesquisa contemporânea. Atualmente, a Biblioteca Eletrônica Científica Virtual (SciELO – Scientific Electronic Library Online), reúne 224 periódiocos brasileiros dos quais apenas 24 disponibilizam sua coleção completa, muito embora apenas a metade possua edições mais antigas que a idade do próprio SciELO, inaugurado em 1997, e 8 somam mais de 50 fascículos. Dentre eles, o Memórias do Instituto Oswaldo Cruz é o mais antigo e numeroso, com 404 edições. A coleção completa, lançada no final de 2009 em comemoração ao centenário do Memórias, foi fruto de uma parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a Bireme e SciELO, assim como ocorreu com outros 14 periódicos. É possível ler gratuitamente a nota de Carlos Chagas sobre o ciclo da doença de Chagas ou a tripanossomiase americana “Nova tripanozomiaze humana: estudos sobre a morfolojia e o ciclo evolutivo do Schizotrypanum cruzi n. gen., n. sp., ajente etiolojico de nova entidade morbida do homem” (Vol.1, n.2, 1909), com a ortografia original preservada. Na edição de 1946 da Bragantia, periódico do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), é possível verificar que os autores Coaraci Franco e Hernâni Godói concluíram no artigo “Chuvas e umidade relativa do ar em Campinas de 1890 a 1945” (Vol.6, no.5) que as mudanças climáticas não estariam ocorrendo na região e que a doença de citrus Tristeza, portanto, não estaria relacionada aos fatores analisados.
Dentre os demais periódicos nacionais a situação é mais severa quanto à ausência ou falha na digitalização das coleções. Façamos uma análise apenas com alguns dos periódicos mais antigos, como é o caso dos periódicos médicos Propagador das ciências medicas (1827-1828) e o Semanário de Saúde Publica, de 1831 a 1833 – primeira publicação da Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro –, ambos descontinuados precocemente, e não digitalizados, apesar de seu pioneirismo. Os periódicos médicos científicos no Brasil surgiram, segundo o historiador Marcio Rangel, juntamente com a institucionalização da medicina no país, na segunda metade do século XIX, e funcionavam como mediadores entre os especialistas e as camadas letradas. Portanto, eles privilegiavam a divulgação de temas ligados a higiene, garantindo assim, uma audiência mais ampla. Sua leitura, consequentemente, pode trazer interessantes indícios sobre os costumes, a divulgação da medicina para a sociedade e os relatos científicos.
Outro exemplo é o Arquivos do Museu Nacional, auto denominado o “mais antigo periódico do Brasil (1876)”, que disponibiliza apenas os exemplares de 2003 a 2007 online. A publicação contou com importantes artigos sobre antropologia, a exemplo de “Descripção dos objectos de pedra de origem indígena”, do naturalista Charles Frederic Hartt, no número de estreia. O Arquivos, bem como inúmeras publicações lançadas pelos institutos de pesquisa brasileiros, faziam parte de uma tradição científica que priorizava a comunicação científica. Era uma forma de mostrar a produção científica no exterior, conquistar visibilidade e participar do debate internacional. O Observatório Nacional lançou o Annales de L'Observatoire Imperial de Rio de Janeiro, em francês, que foi descontinuado por falta de apoio do governo imperial, constando apenas exemplares entre os anos de 1882 e 1889, e que tampouco estão digitalizados.
Há exemplos de coleções nacionais digitalizadas disponíveis em site estrangeiro, apesar de não estarem localizadas nos sites institucionais aos quais pertencem. Este é o caso do Boletim do Museu Paraense, criado em 1894 pelo Museu Paraense Emílio Goeldi e incluindo a produção de 1894 a 1896. Publicado em português, apesar do interesse de visibilidade no exterior, a publicação de 2006 aos dias atuais está disponível no site do SciELO, embora a coleção completa esteja abrigada no interessante site norte-americano Internet Archives, dando a impressão de ter mais valor no exterior do que nacionalmente. Este é também caso da Revista do Museu Paulista, lançada em 1895 pelo Museu Paulista, com enfoque na divulgação da zoologia. O belo arquivo online de todos os exemplares escaneados não aparecem no site da instituição.
Exceção é a publicação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, de 1839, uma das mais antigas do país, a Revista Trimensal de Historia e Geographia ou Jornal do Instituto Historico Geographico Brasileiro, publicada até os dias atuais. A coleção completa encontra-se no site do Instituto, muito embora as buscas sejam possíveis apenas por ano e não por meio de uma ferramenta de busca que permita localizar autores, temas abordados etc, como nos arquivos em PDF, já que esses exemplares foram escaneados tal qual as versões impressas. Mas trata-se, certamente, de uma bela iniciativa.
Há ainda exemplos como a revista Ciência & Cultura, da qual sou editora, que está apenas parcialmente indexada no SciELO, a partir dos números de 2002. A comemoração dos 60 anos da publicação, em 2009, no entanto, foi uma oportunidade para o lançamento da versão impressa e digital fac-similada da primeira edição, de 1949. Nela, consta, por exemplo, nota pioneira de Maurício Rocha e Silva e Wilson Beraldo em que anunciam “Um novo princípio auto-farmacológico (Bradicinina) liberado do plasma sob a ação de venenos de cobra e da tripsina”, substância que seria posteriormente patenteada no exterior e se tornaria uma lucrativa droga de combate à hipertensão pelo Laboratório Bristol Myers-Squibb. A partir dessa experiência a revista planeja a digitalização dos 372 exemplares restantes, uma vez que existe uma demanda mensal da comunidade científica, por meio da digitalização de artigos específicos que são enviados por email.
Espaço apenas para atualidade?
Carol Tenopir e Donald King (Vol.25, n.1, 2001), com base em estudos no período da década de 1970 até 2001 realizado com cientistas, principalmente dos Estados Unidos, indicaram que os periódicos científicos são os principais veículos de obtenção de informação e são amplamente lidos. “O volume de conhecimento científico registrado em periódicos científicos dobra a cada 15 ou 17 anos”, afirmaram os autores do estudo. E essa crescente produção de informação também aparece no acesso de artigos por cientista; a média de leitura de artigos científicos aumentou de 120 por ano na década de 1990 para 130 a partir do século XXI, sendo que os cientistas premiados leem mais, na média, do que os aqueles que nunca receberam um prêmio. A maioria acompanha entre 18 e 26 periódicos por ano. O que surpreende é o fato de os cientistas “escanearem”, cada vez mais, um número maior de artigos e diminuírem, consequentemente, a leitura completa desses documentos, ou seja, cai a qualidade da leitura. Em 1990, os cientistas liam cerca de 50 artigos por ano e escaneavam em torno de outros 180, enquanto no ano 2000 a leitura completa caiu para cerca de 40 artigos e os olhos correram sobre mais de 220 artigos por ano; e em 2005, esses números teriam caído para cerca de 30 e superado 280, respectivamente, como concluiu Allen Renear e Carole Palmer (Science, Vol.325, n.828, 2009).
A competitividade acirrada para a produção científica, grandes volumes de informação e o imediatismo parecem ser os principais fatores responsáveis pela valorização de artigos e informações científicas atualizadas. Nesse cenário, os artigos pioneiros ou mais antigos viram objetos de estudo de historiadores, com interesse diminuto no fazer científico atual. Passam, assim, a ser vistos como mera curiosidade, afinal eles têm pouco espaço nas citações de artigos contemporâneos já que seus conteúdos consistem em descobertas que, muitas vezes, estão desacreditadas ou mesmo se tornaram fatos científicos, cuja autoria passa a ser omitida. No entanto, são obras que contribuem para a construção do conhecimento e para a compreensão dos processos científicos. Sua leitura, porém, raramente está presente no atribulado cotidiano dos cientistas ou futuros cientistas. Não seria irreal imaginarmos o absurdo de um biólogo em formação aprender sobre a teoria de evolução de Charles Darwin sem nunca ter lido ao menos a obra magna A origem das espécies; ou um físico criticar a física quântica sem ter admirado os breves e revolucionários artigos de Albert Einstein dos anos de ouro. Essa, no entanto, parece ser muito mais a regra do que a exceção.
Não se trata de mera valorização histórica, mas de uma oportunidade de perceber as transformações sobre o modo de fazer e escrever sobre ciência, a constante interpretação sobre a construção do conhecimento.
Há ainda um longo caminho até que os editores e agências de fomento reconheçam a importância da digitalização de coleções antigas de periódicos científicos. Mas há, certamente, um enorme potencial que elas guardam que poderia servir como um grande aliado da divulgação da ciência entre os apaixonados, os interessados e aqueles que se pretende atrair para a academia. Uma vez digitalizadas, essas coleções deverão ainda contar com ferramentas de busca para facilitar a localização de autores e temas de interesse. O próximo passo será explorar ao máximo o vasto tesouro de informações que as coleções possuem. Contar com curadores que indiquem aos usuários artigos pioneiros, curiosos, interessantes, capazes de encantar os leitores e recuperar seu valor literário e científico parece ser uma proposta tangível. Não seria demasiado esperar que em breve um estudante do ensino médio enxergue Newton não apenas como autor das leis da mecânica, mas também como um homem que, levado pela curiosidade, respondeu a perguntas que lhe intrigaram exatamente como intrigam muitos de nós.
Germana Barata é doutora em história da ciência pela USP, editora da revista Ciência & Cultura e pesquisadora do Labjor-Unicamp.
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